sábado, 26 de agosto de 2017

Taylor Swift: víbora ou vítima?

A era que eu mais temia/desejava para 2017 chegou: Taylor swift lançou o primeiro single do próximo disco, reputation. Com “Look What You Made Me Do”, a cantora aquece ainda mais a discussão que cerca o mundo pop da indústria fonográfica: drama.



A música fala sobre se manter firme e preparar vingança contra todos que fizeram cama no sucesso estrondoso que a cantora alcançou com o último disco, 1984 (2014): Kanye West com letras misóginas supostamente “aceitas” por Taylor (não foi bem assim), a Exposition Party de Kim Kardashian (que resultou em uma chuva de emojis de cobra na conta do Instagram de Swift) e entrevistas de Katy Perry falando que tentou sem sucesso se acertar com Taylor.

Como a própria cantora fala no single: a antiga Taylor morreu e uma nova surge - uma Taylor que fala abertamente sobre o que antes cutucava nas entrelinhas de letras maiúsculas nos encartes de CD e com títulos sugestivos para as músicas. 


A questão é: seria Taylor uma pessoa mimada que não gosta de ser contrariada e se vinga com músicas ou alguém como todos nós, que temos desavenças pessoais - só que em proporções muito maiores? 

Uma rápida passada nas redes sociais faz os sonhos saltarem com posts de “adora se vitimizar”, “adora drama”, “menininha chata”. Ninguém está a salvo de apontar o dedo na cara de alguém (e vice-versa). Analisemos, por exemplo, o comportamento de pessoas que estariam “contra” Taylor.

Kanye West é um dos maiores gênios da música contemporânea, lançando tendências e sons que influenciam anos de nossa cultura. Por fora (e por dentro) disso, temos alguém com discurso altamente machista, misógino e arrogante - tanto no trabalho quanto na vida pessoal. Porém, isso tudo pode ser perdoado, não é mesmo? Olha como ele faz música incrível. 

Katy Perry possui a diversos hits na última década nas rádios pop. Quando comentários sobre a saúde mental de outra mulher na indústria pra se prevalecer como mais sã ou saudável, tá tudo certo. Ela é super engraçada mesmo.

Ressalto que curto ambos artistas - Kanye bem menos, porque as letras misóginas realmente me incomodam. O questionamento que trago a debate é o seguinte: o quanto de informação que o público tem é real ou relevante nessas brigas entre artistas? Não temos como saber quem começou ou, em termos bem infantis, quem tem razão. 


O que deve ser entendido com a música é que Taylor está usando as ferramentas que tem em seu poder para se defender. Não vejo como alguém se vitimizando - até porque ela mesma fala que se comportou de forma negativa ou “viborística”-, mas como um indivíduo que responde a diversas acusações e piadas feitas nos últimos anos.

Ah, destaco ainda outro ponto: não escrevo isso pra dizer que todo mundo tem que gostar da Taylor ou da música. Quero apenas que a gente perceba que todos nós estamos passíveis de ser atacados e, quase que consequentemente, ativar um mecanismo de defesa. 

Deve-se saudar Taylor pela evolução musical também. A cantora se comporta como verdadeira nerd musical na hora de compor e produzir as faixas. Nesta última, vemos uma Taylor - que pulou do country para o pop três anos atrás - ainda mais ansiosa por criar música inesperada e atemporal. Isso, sim, deve ser celebrado. 

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