Posso
enumerar aqui todas os hits cantados (sim, em meio a tantos shows do
intervalo do Super Bowl levados à base de vocais pré-gravados, GaGa
optou por cantar e tocar ao vivo enquanto dançava), mas esses são meros
passos que me levam ao objetivo deste texto. O que venho discutir com
quem porventura se deparar com esse devaneio é o impacto sociopolítico
causado pela performance.
O
objetivo de GaGa pareceu sempre ser o de passar mensagens muito claras e
diretas. Se no primeiro momento, os discos The Fame e The Fame Monster
visavam te fazer dançar, amar apaixonada e visceralmente, Born This Way
veio com a disseminação do que é auto-aceitação. O tão polêmico ARTPOP
trouxe música eletrônica como um retrato da vida da cantora, em que a
fama se colidia com autoconhecimento e traumas do passado, tudo
culminando em uma explosão de cores, influências e sons. A questão é que
ela nunca escondeu quem era, de forma que GaGa deixou seu coração no
palco do Super Bowl. Enquanto muitos esperavam uma explícita crítica à
eleição de Donald Trump, por exemplo, ela tomou o maior encontro
esportivo dos norte-americanos e cantou sobre diversidade, aceitação e
tolerância - características que vão diretamente contra as decisões e
opiniões do novo líder do país.
É
também interessante falarmos sobre como uma mensagem de tolerância é
deturpada por públicos que são beneficiados por ela mesma. Na Internet -
um ecossistema bizarro e ditatorialmente democrático - cada um tem sua
voz com volume suficiente para ser ouvido. Comparações com outros
artistas, piadas com o “sobrepeso" da cantora e as baixas vendas dos
últimos dois álbuns se confundiam com os aplausos. Se antes, o admirável
era apreciar quem fazia arte, hoje, o ideal é encontrar falhas,
descreditar o trabalho alheio e diminuir a importância de atos
politizados. Se gosto de um artista, longe de mim aceitar que existe
outro que seja tão capacitado e passível de admiração!
É óbvio que opiniões divergentes sempre vão existir. São as diferenças que nos impulsionam a sermos melhores, procurarmos acordos e melhor: a arte exerce papel extremamente ativo e modificador nessa dinâmica. O que me incomoda é a falta de capacidade de “dar o braço a torcer”, além da sede de fazer com que a sua opinião seja mais forte do que a minha.
É óbvio que opiniões divergentes sempre vão existir. São as diferenças que nos impulsionam a sermos melhores, procurarmos acordos e melhor: a arte exerce papel extremamente ativo e modificador nessa dinâmica. O que me incomoda é a falta de capacidade de “dar o braço a torcer”, além da sede de fazer com que a sua opinião seja mais forte do que a minha.
O
fato de alguém subir ao palco não diminui a presença do seu artista
favorito anos atrás. Aprecie e, se não gostou, tudo bem! Olha a beleza
do livre arbítrio! Vamos aceitar opiniões divergentes com, no mínimo,
respeito e compreensão mútuos de que podemos divergir.
A
presença de GaGa com um espetáculo brilhante como o deste ano é mais
importante do que podemos imaginar. Ver uma artista “renascer das
cinzas” às que foi reduzida pela mídia (cujos objetivos e modos de
operar já são conhecidos e não precisam ser explicados aqui) é
refrescante. Principalmente agora, em que muitos passam por um momento
de opressão e falta de perspectiva.
Seu texto é inspirador. Parabéns e continue com essa luz.
ResponderExcluirGaguinha Maravilhosa. so acho que faltou um PLUS para dar aquele Boom sabe? Perfect Illusion talvez? não sei.
ResponderExcluirMenino,mais plus do que saltar de um lado pro outro, cantar number ones e tudo ao vivo? rs COncordo que precisávamos de mais uma música do Joanne <3
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