quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Seria Fifth Harmony o Spice Girls dessa geração?


O quarteto Fifth Harmony lançou no fim de agosto o disco homônimo - o primeiro a ter composições e produção de Ally, Dinah, Normani e Lauren. Após "sofrer"o desfalque com a saída nada surpreendente de Camila Cabello no ano passado, o álbum mostra o grupo mais unido e forte que nunca. Com músicas empoderadas, feministas, humanistas e divertidas, fica a pergunta: teria Fifth Harmony se consolidado como o grupo Spice Girls desta geração?

Note que, quando faço a comparação, não levo em consideração números de venda (o útlimo disco do Fifth Harmony, por exemplo, estreou na quarta posição da Billboard 200) ou merchandising entre os dois girl groups. Comparo aqui a relevância para a juventude (feminina, principalmente) relacionada a cada época.

Neste disco, percebi o que sempre gostei nas meninas do Fifth Harmony: a diversão, a brincadeira com a sensualidade jovem, as vozes diferentes e poderosas. Com produções de Skrillex, Poo Bear e outros nomes poderosos na indústria pop atual, percebemos que as meninas souberem escolher bem quem iria dar os toques finais no disco.

Tal autonomia é explícita na conforto audível em cantar as músicas. Claro, não estamos falando de um disco que aborda as problemáticas do mundo atual (apenas a última faixa, "Bridges", aborda a tirania de Donald Trump), mas quatro jovens nos seus 20 e poucos anos fazem um ótimo trabalho a mostrar a força de mulheres aprendendo a encontrar seu lugar no nosso mundo machista.

Falando em diversão, as faixas "Down" (o primeiro single), "He Like That" e "Sauced Up" trazem a sexualidade feminina tão presente e importante quanto a masculina. Traz-se a condição de "se eu te der prazer, é bom que você me dê também". Como isso pode ser bom para adolescentes? É imprescindível que a necessidade de reciprocidade em relacionamentos seja percebida desde cedo para mulheres mais felizes.

Em outras faixas - como "Angel" (segundo single), "Make You Mad", "Lonely Night" e "Don't Say You Love Me" - a mulher aparece como um indivíduo que não promete ser o estereótipo doce e submisso que a cultura machista exige que mulheres sejam.


A qualidade musical pop é predominante em todo o álbum, com destaque importante a "Deliver", em que as meninas prestam uma segunda homenagem a Mariah Carey (porém menos explícita que a primeira, feita no disco de debut com a faixa "Like Mariah"). A faixa é uma clara ode a tudo que Mariah representou nos anos de destaque na indústria musical: feminismo, controle musical, R&B misturado a hip hop. Simplesmente uma delícia de faixa.

O exemplo delas é importantíssimo para as novas gerações de mulheres. Eu fui criado por quatro - entre mãe, vó, tia e irmãs - e vi de perto o machismo prejudicar a autoestima e a confiança delas diariamente. Ter um grupo de jovens mulheres pregando essa força feminina para um público tão jovem quanto elas - ou até mesmo mais novas - é algo a ser celebrado.



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